05/08/2025 0 Comments

O Dia dos Pais é mais do que uma simples data no calendário comercial. Ele é um lembrete poderoso do papel afetivo, educativo e simbólico que os pais exercem na formação de seus filhos e, por consequência, no desenvolvimento da sociedade. Em tempos em que os laços familiares estão sendo ressignificados, celebrar o Dia dos Pais é também uma oportunidade de reconhecer novas formas de paternidade – mais presentes, afetivas e participativas.

Além da Provedoria: A Nova Paternidade

Historicamente, a figura paterna foi associada à autoridade e à provisão financeira do lar. No entanto, essa visão tem sido progressivamente desconstruída. Pesquisas contemporâneas revelam que a presença emocional do pai é essencial para o desenvolvimento infantil. Segundo o psicólogo Ross D. Parke, “pais envolvidos favorecem o desenvolvimento cognitivo e emocional de seus filhos, especialmente em ambientes onde o afeto e a brincadeira são cultivados” (Parke, 1996).

A paternidade atual se reinventa diante de novas demandas sociais. Cada vez mais, os pais estão participando de momentos antes considerados exclusivamente maternos, como o pré-natal, o parto, a amamentação (no apoio emocional) e a criação em tempo integral. A figura do “pai que brinca, educa, cuida e acolhe” vem substituindo o estereótipo do “pai distante”.

O Papel do Pai na Educação e no Caráter

O envolvimento do pai na formação do caráter dos filhos é inestimável. De acordo com estudos da Universidade de Oxford (Flouri & Buchanan, 2002), crianças com pais participativos tendem a apresentar melhores desempenhos escolares, maior autoestima e menor envolvimento com comportamentos de risco na adolescência.

Esse impacto não ocorre apenas nos lares com estrutura tradicional. Pais solteiros, padrastos, avôs e figuras paternas simbólicas exercem papel essencial como referência e modelo. O mais importante é a qualidade da presença: estar disponível emocionalmente, ser um bom ouvinte, estabelecer limites com amor e, sobretudo, ensinar pelo exemplo.

Pai e Mãe: Papéis Complementares, Não Concorrentes

É comum comparar o Dia dos Pais ao Dia das Mães, muitas vezes gerando uma visão desigual. Enquanto o Dia das Mães é marcado por homenagens calorosas, o Dia dos Pais pode ser tratado com menos entusiasmo. Essa diferença se enraíza em décadas de reforço à maternidade como pilar central da família. No entanto, essa lógica vem mudando.

Tanto mães quanto pais merecem reconhecimento. Suas funções são distintas em alguns aspectos, mas igualmente essenciais. Pesquisadores como Michael Lamb (2004), referência na psicologia do desenvolvimento, reforçam que a complementaridade entre pai e mãe (ou entre cuidadores, em diferentes arranjos familiares) contribui para uma formação mais equilibrada e saudável da criança.

Assim como as mães são celebradas por sua dedicação, sensibilidade e força, os pais também devem ser reconhecidos por sua entrega, compromisso e amor incondicional.

Uma Data Para Honrar, Inspirar e Refletir

O Dia dos Pais deve ser uma data para mais do que presentes. Deve ser um convite à reflexão sobre o tipo de pai que cada um deseja ser ou ter por perto. É também uma oportunidade para curar feridas, fortalecer vínculos e celebrar os homens que, com carinho, responsabilidade e escuta ativa, deixam legados duradouros.

Não é sobre perfeição – nenhum pai é perfeito. Mas é sobre presença, constância e intenção. Pais que aprendem com os filhos, que compartilham suas vulnerabilidades e que constroem memórias afetivas estão, de fato, deixando um mundo melhor do que encontraram.

Conclusão: O Amor de Pai Também Educa

Neste Dia dos Pais, celebre mais do que a presença física. Celebre o afeto, o tempo dedicado, os aprendizados compartilhados e os abraços silenciosos que falam mais do que palavras. Seja você filho, filha, pai ou cuidador, aproveite esta data para reforçar o amor – esse elo invisível que sustenta famílias e constrói gerações mais conscientes.


Referências:

  • Parke, R. D. (1996). Fatherhood. Harvard University Press.
  • Flouri, E., & Buchanan, A. (2002). Father involvement in childhood and trouble with the police in adolescence: findings from a British longitudinal study. British Journal of Social Work.
  • Lamb, M. E. (2004). The Role of the Father in Child Development (4th ed.). Wiley.

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